A morte do Papa Francisco

Momento delicado para a nossa Igreja.

É com o coração pesado, mas cheio de fé, que a gente compartilha uma notícia que chegou e pegou muita gente de surpresa aqui no Brasil, na madrugada deste domingo, dia vinte e um de abril. Às sete e trinta e cinco da manhã lá em Roma, nosso Santo Padre, o Papa Francisco, voltou para a Casa do Pai. O Vaticano News, a rádio oficial do Vaticano, fez o anúncio com profundo pesar.

O comunicado da equipe médica informa que a causa da morte foi um derrame cerebral, que levou a um coma e, infelizmente, a uma parada cardiorrespiratória irreversível. Nós sabíamos que o Papa não vinha bem e estávamos rezando muito pela saúde dele. Ele vinha lutando contra uma pneumonia que não era só viral, mas também tinha bactérias e fungos. Para um ancião de oitenta e oito anos, como ele, isso sempre é algo muito sério.

A gente diz que foi surpresa… não aquela surpresa enorme, porque a doença era conhecida, mas um pouco surpresa sim! Sabe por quê? Porque a morte dos últimos Papas (tirando o João Paulo I, que foi inesperada mesmo) foi precedida por aquele anúncio de uma agonia. Quem se lembra do Papa João Paulo II? O mundo inteiro parou para acompanhar a agonia dele em dois mil e cinco. As redes de televisão só transmitiam aquilo. Muitos jovens hoje em dia, como eu, nunca tinham experimentado ver um Papa morrer no exercício do pontificado. O Papa João Paulo II faleceu em dois mil e cinco, e essa foi a última vez que vimos a morte de um Papa reinante.

Ah, mas espera aí! E o Papa Bento XVI? Muita gente lembra da morte dele em dois mil e vinte e dois, faz uns três anos. Sim, ele faleceu, mas não era mais o Papa reinante naquele momento. Ele conservou o título de Papa Emérito, e isso às vezes confunde as pessoas. Mas ele não era mais Papa. O funeral dele, por exemplo, não foi o funeral de um Papa reinante.

Uma coisa que marca a morte de um Papa é o toque do grande sino da Basílica de São Pedro. Aquele sino enorme, que só toca na Páscoa, no Natal e na morte dos Papas. Ele não tocou na Páscoa deste ano (quebrou o mecanismo, gente! Nada místico, haha!), mas tocou hoje, ao meio-dia de Roma, anunciando a morte do Papa Francisco. Sabem onde ele não tocou? Na morte do Papa Bento XVI. Por quê? De novo, porque Bento XVI não era o Papa reinante. A Igreja tem um único Papa. Quando Bento XVI faleceu, o Papa era Francisco. Essas coisas são importantes para a gente ter clareza e não dar espaço para teorias da conspiração.

O que acontece agora?

A partir de agora, a Igreja entra no período de Sede Vacante. Significa que a cadeira de Pedro está vaga. Quem governa a Igreja neste momento é o Colégio dos Cardeais. É como se o Senado da Igreja assumisse a administração.

Nas Missas, vocês vão notar uma mudança na Oração Eucarística. Onde antes se mencionava o nome do Papa, agora não se menciona. A gente “pula” a parte do Papa. O nome do Papa falecido será mencionado na hora da oração pelos falecidos. É um momento para intensificarmos nossas orações pela alma dele. Haverá Missas Esequiais pelo Papa falecido, com paramentos roxos (no mundo todo) ou vermelhos (em Roma), mas essas missas serão celebradas depois da Oitava de Páscoa, já que a liturgia da Oitava prevalece por enquanto.

Hoje, às oito horas da noite em Roma, já aconteceu uma cerimônia importante e privada: a recognitio. É o reconhecimento oficial de que o Papa faleceu, presidido pelo Cardeal Camerlengo, que leu o laudo médico com a causa da morte.

O Papa Francisco está sendo velado na Casa Santa Marta, onde faleceu. O Papa João Paulo II, por exemplo, foi velado no Palácio Apostólico. E tem um detalhe que o próprio Papa Francisco pediu: ele está sendo velado num caixão. Os Papas anteriores eram velados sobre uma mesa. Ele quis trazer essa realidade mais para perto do costume que nós temos de velar uma pessoa. Ele está no caixão aberto, com paramentos vermelhos, mitra, rosário na mão, como os outros.

Vocês vão ouvir falar muito de algumas figuras nesse período. Uma delas é o Cardeal Camerlengo. Esse cargo, que antigamente administrava as finanças da Igreja, agora, durante a Sede Vacante, tem a função de constatar a morte do Papa e realizar os primeiros ritos fúnebres. O atual Camerlengo é o Cardeal Ferell, um irlandês. E o Vice-Camerlengo é um arcebispo brasileiro, Dom Ilson de Jesus Montanari! Ele também é secretário do Colégio de Cardeais e do futuro Conclave. É importante saber que, com a morte do Papa, todos os cardeais que tinham cargos de chefia na Cúria Romana perdem esses cargos e ficam como “eméritos”, dando liberdade para o próximo Papa escolher quem quiser.

Qual é o cronograma para os próximos dias?

Ainda não está tudo definido, porque o Colégio de Cardeais que decide. Amanhã, terça-feira, já começa a primeira reunião dos cardeais que conseguirem chegar a Roma, as chamadas Congregações Gerais. É nessa reunião que eles vão decidir a data do sepultamento. Não é segredo, pessoal, é só porque ainda não foi decidido mesmo!

Já se sabe que na quarta-feira, o corpo do Papa será levado solenemente da Casa Santa Marta para a Basílica de São Pedro. Será uma procissão. E de novo, não vamos ficar comparando com o Papa Bento XVI! A procissão do Papa Francisco sai do Santa Marta e entra pela escadaria central da Basílica de São Pedro, sendo colocado diante do Altar da Confissão (onde está o corpo de São Pedro). O sepultamento do Papa Francisco será um funeral de Chefe de Estado, com representantes de nações presentes, algo que não aconteceu com Bento XVI, que não era mais o Papa reinante.

Nas Congregações Gerais, o Cardeal Decano, que hoje é o Cardeal Giovanni Battista Ré (de noventa e um anos), preside as reuniões. Ele é o “primeiro entre iguais”, coordena o processo. O Cardeal Ré não participa do Conclave porque tem mais de oitenta anos. A maioria esmagadora dos cardeais são bispos, mas alguns, com mais de oitenta anos, não são bispos mas participam das Congregações Gerais, como o Cardeal Cantalamessa e o Cardeal Ghirlanda.

Atualização (após as Congregações de hoje): O Colégio de Cardeais se reuniu hoje e decidiu que o sepultamento do Papa Francisco será no sábado! É o sábado da Oitava de Páscoa, véspera do Domingo da Divina Misericórdia, que, por coincidência, é o mesmo dia litúrgico em que faleceu São João Paulo II! A Missa de sepultamento será no sábado, às dez horas da manhã (horário de Roma), presidida pelo Cardeal Decano, Giovanni Battista Ré.

E a pergunta que não quer calar: onde o Papa Francisco será sepultado? Ele mesmo escolheu o lugar e deixou indicado no seu testamento espiritual! Será na Basílica de Santa Maria Maior. Por quê? Ele tinha uma devoção especial a Nossa Senhora Salus Populi Romani, cujo ícone está lá. Era costume dele visitar Santa Maria Maior antes e depois de cada viagem. Ele pediu um túmulo simples no chão, com apenas “Franciscus” escrito, localizado entre as Capelas Paulina e Força, à esquerda de quem olha para o altar principal.

Depois do sepultamento, teremos os novendiales – nove dias de missas e orações pela alma do Papa. E, claro, as Congregações Gerais continuam, discutindo a situação da Igreja e se preparando para o próximo passo: o Conclave!

Nesse momento, o espírito correto não é focar na especulação sobre o Conclave. O foco principal é o sufrágio pela alma do Papa. É um ato profundo de fé na Igreja e na pessoa do Papa. Rezar, oferecer Missas, Comunhões. Esse é o nosso dever como católicos.

O Conclave, onde os cardeais elegerão o novo Papa, ainda vai demorar um pouco. Só entram no Conclave os cardeais que ainda não completaram oitenta anos. São cento e trinta e cinco cardeais eleitores hoje, mas muitos (cento e treze!) nunca participaram de um Conclave. Eles precisam se conhecer e deliberar. O anúncio do novo Papa (“Habemus Papam”) será feito pelo Cardeal Protodiácono, e a gente espera que aconteça na primeira quinzena de maio, mas tudo isso será decidido pelos cardeais.

Por enquanto, concentremos nossas energias na oração pela alma do Papa Francisco e pedindo a luz do Espírito Santo para o Colégio de Cardeais. Que Deus os inspire na escolha do próximo sucessor de Pedro.

Terminamos com a oração pela alma do nosso querido Papa Francisco:

“Ó Deus, em vossa inefável providência, escolhestes o vosso servo Papa Francisco para estar à frente da vossa Igreja; fazei que, tendo representado na terra o vosso Filho, seja acolhido na glória eterna. Por ele que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.”

Deus abençoe vocês!

Fiquem ligados aqui no “Tudo Católico” para mais informações e reflexões sobre este momento!


Papa Francisco faleceu no dia 21 de abril de 2025 às 7:35 da manhã, em Roma

 

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *